quarta-feira, 25 de novembro de 2009

#Vida E Velas

Ontem foi o teu aniversário. E, apesar de agora, o primeiro beijinho depois de soprar as velas, pertencer ao teu marido, a nossa família continua igual.
Quando eras criança tinhas dois bolos. O que a Avó te fazia, e o que a Mãe comprava. Normalmente, um deles era para eu apagar as velas depois de ti, porque sou a mais nova e, então, pelo facto de teres tido o descaramento de nascer uns anos antes, sentia-me muito injustiçada. O mínimo que se esperava, como é óbvio, era que dividisses comigo o protagonismo familiar do teu dia de anos. Obrigações de irmã mais velha...
Agora que já consigo conviver pacificamente com a questão cronológica faternal, agora que continuamos irmãs e, dizem, sermos duas adultas, permanece tudo igual. Tiveste na mesma dois bolos. O que eu te fiz - em jeito de arrependimento pelos anos de apropriação pasteleira - e um outro que a Mãe te comprou, descrente nos meus dotes de pastelaria.
Há coisas que nunca mudam. Nem devem porque carregam uma reconfortante repetição. Os anos passam, e tu continuas a ter dois bolos.
PARABÉNS MANA!
Somos as duas adultas, agora, e o primeiro beijinho depois dos parabéns é, merecidamente, do teu marido. Mas, naquele momento em que só tu percebeste o meu sarcasmo e que rimos só nós as duas, alheadas do resto da mesa intrigada, naqueles minutos que nos faltava o ar e o nosso olhar era de cúmplice entendimento, eu percebi que ontem fomos crianças, hoje somos adultas e amanhã seremos velhinhas, mas os nossos estados de espírito serão uma constante correspondência eterna.
Só por isso, quando eu tiver um marido, dou-lhe o segundo beijinho. O primeiro, esse, será sempre teu.

2 comentários:

Anónimo disse...

Distraída...O 1º foi teu,o último do marido.

Algoritmo Perfeito disse...

Pronto. Já tinhas o protagonismo do teu dia de anos todo para ti de volta. Eu já aceitei isso. Posso pelo menos ficar com os holofotes de irmã desgraçadinha preterida? ;)