"-Fora de questão.
-Porquê? Isso é tão infantil!
-Como quiseres, mas está fora de hipótese."
-Como quiseres, mas está fora de hipótese."
Foi assim a minha conversa de hoje ao telefone. Ela tentava convencer-me a sair com um tipo que, embora somasse agradável número de qualidades, estava subtraído em centímetros de altura e, apoiada nessa escala que admito "redutora", tracei-lhe uma recta de exclusão.
Mesmo que este motivo soe fútil e pareça imposição adolescente - nada recomendável a fases "maduras"- ocorre exactamente o contrário. Os anos permitiram-me uma praticidade sensata e exigem-me romantismo a longo prazo, o que me faz inflexível quanto à dimensão dos candidatos.
Para concretizar a hipótese de sair com o "tipo baixo", teria de correr, imediatamente, a uma sapataria adquirir "tábuas de pés" e, consequentemente, talas para a autoestima, porque uns "rasos" arrasam qualquer tentativa de elegância. Na possibilidade de se tornar relacionamento assumido, implicaria até a renovação do meu espólio de pequenas maravilhas da indústria do calçado, visto que, à excepção dos chinelos de praia, todo o resto me coloca um bom palmo acima do solo. Minha gente, assentemos ambos os pés na terra, estamos em pleno de uma crise económica, haverá altura menos própria para um investimento desse tamanho?
Ponho-me então a pensar... e no caso dele ser infiel? Digam-me se é possível espezinhar uma traição e ultrapassá-la com dignidade, munida de desenxabidas sabrinas?! A imagem mental da mulher enganada, bem calçada de amor próprio é, indubitavelmente, alguém equilibrado em pelo menos 20 centímetros; em momento algum, seja lá o que a senhora tenha vestido ou despido, conseguimos imaginá-la apoiada numa sola em total contacto com o chão! Até as capas dos livros de auto-ajuda estampam um salto agulha a perfurar o coração masculino! É inequívoco, os saltos são determinantes antes e durante, mas, essencialmente, pós relação.
E, mais, se me relacionar com o "tipo baixo", serei pessoa que, para não fazer "par desarmonioso", compra sapatinhos muito confortáveis, tipo pantufas... Ora! Ninguém quer ir a uma festa de pantufas!
Mas estas seriam apenas consequências imediatas. Há pior!
Agora, vejamos: mesmo ignorando o exposto (embora só me pareça razoável fazê-lo em caso de calamidade afectiva), na remota situação de acontecer, surge imeditamante outro problema: e se me apaixono a sério pelo tipo baixo???? Isto sim, seria grave! E, pressupondo, para cúmulo do infortúnio, o homem revelar-se um verdadeiro príncipe, inevitavelmente, caminharíamos ao altar - eu com sapatos iguais às meninas das alianças, "rasinhos" - para depois perpétuarmos genes em... descendência anã???? Não posso condenar a estatura dos meus filhos! Alguma mãe que se preze coloca no mundo inocentes crianças, diminuídas ao peso da herança genética?
Venham-me, agora, encetar acesas discussões éticas sobre os limites da intervenção genética! Conversa! Audiências! Isto sim, isto é abusivo! Ousar conceber, ainda que, com mapa genético predisposto a patamares só alcançáveis por meio de escadotes!
E, para terminar esta heretariedade de fundamentos, ocorre-me a típica situação do recreio escolar: "O meu pai é maior que o teu! O meu pai bate no teu!" Pois muito bem, o progenitor destas crianças levaria pancada dos outros todos, assim como elas, já que não teriam "pai poste" para ajustar contas. Poderia alguma vez permitir que, nos primeiros contactos com a lei do mais forte, os meus filhos partissem em desvantagem?
Mesmo que este motivo soe fútil e pareça imposição adolescente - nada recomendável a fases "maduras"- ocorre exactamente o contrário. Os anos permitiram-me uma praticidade sensata e exigem-me romantismo a longo prazo, o que me faz inflexível quanto à dimensão dos candidatos.
Para concretizar a hipótese de sair com o "tipo baixo", teria de correr, imediatamente, a uma sapataria adquirir "tábuas de pés" e, consequentemente, talas para a autoestima, porque uns "rasos" arrasam qualquer tentativa de elegância. Na possibilidade de se tornar relacionamento assumido, implicaria até a renovação do meu espólio de pequenas maravilhas da indústria do calçado, visto que, à excepção dos chinelos de praia, todo o resto me coloca um bom palmo acima do solo. Minha gente, assentemos ambos os pés na terra, estamos em pleno de uma crise económica, haverá altura menos própria para um investimento desse tamanho?
Ponho-me então a pensar... e no caso dele ser infiel? Digam-me se é possível espezinhar uma traição e ultrapassá-la com dignidade, munida de desenxabidas sabrinas?! A imagem mental da mulher enganada, bem calçada de amor próprio é, indubitavelmente, alguém equilibrado em pelo menos 20 centímetros; em momento algum, seja lá o que a senhora tenha vestido ou despido, conseguimos imaginá-la apoiada numa sola em total contacto com o chão! Até as capas dos livros de auto-ajuda estampam um salto agulha a perfurar o coração masculino! É inequívoco, os saltos são determinantes antes e durante, mas, essencialmente, pós relação.
E, mais, se me relacionar com o "tipo baixo", serei pessoa que, para não fazer "par desarmonioso", compra sapatinhos muito confortáveis, tipo pantufas... Ora! Ninguém quer ir a uma festa de pantufas!
Mas estas seriam apenas consequências imediatas. Há pior!
Agora, vejamos: mesmo ignorando o exposto (embora só me pareça razoável fazê-lo em caso de calamidade afectiva), na remota situação de acontecer, surge imeditamante outro problema: e se me apaixono a sério pelo tipo baixo???? Isto sim, seria grave! E, pressupondo, para cúmulo do infortúnio, o homem revelar-se um verdadeiro príncipe, inevitavelmente, caminharíamos ao altar - eu com sapatos iguais às meninas das alianças, "rasinhos" - para depois perpétuarmos genes em... descendência anã???? Não posso condenar a estatura dos meus filhos! Alguma mãe que se preze coloca no mundo inocentes crianças, diminuídas ao peso da herança genética?
Venham-me, agora, encetar acesas discussões éticas sobre os limites da intervenção genética! Conversa! Audiências! Isto sim, isto é abusivo! Ousar conceber, ainda que, com mapa genético predisposto a patamares só alcançáveis por meio de escadotes!
E, para terminar esta heretariedade de fundamentos, ocorre-me a típica situação do recreio escolar: "O meu pai é maior que o teu! O meu pai bate no teu!" Pois muito bem, o progenitor destas crianças levaria pancada dos outros todos, assim como elas, já que não teriam "pai poste" para ajustar contas. Poderia alguma vez permitir que, nos primeiros contactos com a lei do mais forte, os meus filhos partissem em desvantagem?
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