Elogios. Esta palavra desperta-nos de imediato uma súbita sensação de bem estar ainda que não saibamos qual, oportunamente, traremos para casa no final do dia. Essa dúvida não nos provoca angústia, qualquer deles nos vai assentar bem. Equivalente a um stock off de sapatos: gosto de todos, levo os que me servirem!
No entanto, tal como quando contemplamos uma prateleira com muitos pares, para nos satisfazermos euforicamente com uns que não seriam, de todo, 1ª escolha, também os elogios podem provocar-nos sorriso momentaneo, o qual esmorece à medida que caminhamos; aos poucos, o aparente conforto vai-se tornando ligeiramente doloroso, porque concentramos atenção nos pormenores emergentes, aqueles que sacrificamos à vaidade do regresso a casa sem ego descalço.
Recentemente, agraciaram-me com um oversized Jane Austen e, embora o soubesse mais simpático do que sincero, deixou-me aquele rasgado sorriso crédulo. Pouco tempo depois, classificam-me noutro tipo de ranking, e sou condecorada com uma comparação a Yelena Isinbayeva. Por muito que se justificasse saltar de alegria (sem vara) - trata-se de belíssimo espécime do sexo feminino - o meu rosto ressaltava inquietação...
Qual deles quero (des)acreditar ser? Qual o melhor elogio? Com qual destes sapatos devo sair da loja?
Esta é a mais ingrata (in)decisão: perpetuar-se nas capas e contracapas de clássicos adaptados à sétima arte, ou manifestar-se "artisticamente" como uma "clássica" memória masculina.
Confesso que, se me encontrasse no auge dos 20's escolheria, indubitavelmente, a estante da livraria. Mas a sabedoria que ronda os 30 já me mostrou, peremptoriamente, que mulheres letradas são cada vez menos procuradas. E, convenhamos, actividade desportiva aumenta a esperança média de vida, já uma poeirenta prateleira de onde só sairei pela mão de um crédulo adolescente que, em pleno século XXI, ainda acredita no poder das palavras, só vai aumentar estatísticas de "jovens solteiros" na casa dos 30.
No entanto, tal como quando contemplamos uma prateleira com muitos pares, para nos satisfazermos euforicamente com uns que não seriam, de todo, 1ª escolha, também os elogios podem provocar-nos sorriso momentaneo, o qual esmorece à medida que caminhamos; aos poucos, o aparente conforto vai-se tornando ligeiramente doloroso, porque concentramos atenção nos pormenores emergentes, aqueles que sacrificamos à vaidade do regresso a casa sem ego descalço.
Recentemente, agraciaram-me com um oversized Jane Austen e, embora o soubesse mais simpático do que sincero, deixou-me aquele rasgado sorriso crédulo. Pouco tempo depois, classificam-me noutro tipo de ranking, e sou condecorada com uma comparação a Yelena Isinbayeva. Por muito que se justificasse saltar de alegria (sem vara) - trata-se de belíssimo espécime do sexo feminino - o meu rosto ressaltava inquietação...
Qual deles quero (des)acreditar ser? Qual o melhor elogio? Com qual destes sapatos devo sair da loja?
Esta é a mais ingrata (in)decisão: perpetuar-se nas capas e contracapas de clássicos adaptados à sétima arte, ou manifestar-se "artisticamente" como uma "clássica" memória masculina.
Confesso que, se me encontrasse no auge dos 20's escolheria, indubitavelmente, a estante da livraria. Mas a sabedoria que ronda os 30 já me mostrou, peremptoriamente, que mulheres letradas são cada vez menos procuradas. E, convenhamos, actividade desportiva aumenta a esperança média de vida, já uma poeirenta prateleira de onde só sairei pela mão de um crédulo adolescente que, em pleno século XXI, ainda acredita no poder das palavras, só vai aumentar estatísticas de "jovens solteiros" na casa dos 30.
Sem comentários:
Enviar um comentário