Em cima da mesa, um prato dos últimos dias, "casamento homossexual". Parece-me farta refeição. No entanto, retrocedo à minha infância e, assim como fazia com a travessa de couve-flor gratinada, torço-lhe o nariz. Se o dito legume é fonte de saúde, cobri-lo de um molho estranho poderá dar-lhe aspecto mais sofisticado, mas desvirtua a essência multivitamínica. E, aplico a mesma receita, para essa união de iguais ingredientes: se a nova apresentação parece exigência 1º mundista e nos faz crer mais cosmopolitas - a fim de nos desvincularmos da famosa e simplória ementa "bacalhau cozido" - eu, cliente habitual das tradições, veto-me à tal sobre-condimentada instituição. Na minha culinária familiar, a ordem natural de confecção não deve ser alterada; aliás, esse é o segredo a passar de geração em geração, aquele que nos permite a segurança do resultado final esperado.
Volto de novo à infância. Olho para o lado e vejo o meu pai. À direita dele, a minha mãe. Seguro os talheres e janto tranquila. Por aqui, mantem-se antiquada ordenação; só a couve-flor foi "incrementada".
2 comentários:
O seu blog é fascinante! Gosto imenso do que escreve e da forma como escreve. Muitos parabéns!
este post foi de um elegância tal, que me deixou literalmente sem o que dizer.
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