Um dia, sentamo-nos numa mesa e deste-me um cartãozinho com a minha leitura, e, naquela tua última noite de menina solteira rimos muito. E relemos as frases que eu diria no altar. Voltei para casa com a sensação que nada mudaria, que te sentiria sempre perto, mesmo depois da tua nova vida de casada.
Vi-te entrar na igreja sob flashes dos anos de amizade adolescente que partilhamos - a década dos segredos, dos momentos, das confissões, das (in)certezas e dos medos. E lembrei-me, ainda, da alegria de receber aquela mensagem: "acabei o curso!". Tu sabias que ela me faria sorrir como se fosse também um conquista minha. Assim como eu sei que cada envelope amarelo que piscar no teu telefone a contar alguma coisa da minha vida, vai ter, obrigatoriamente, algum tipo de impacto em ti. E sei também, sinto-l, que torces por mim. Saberei sempre do meu lugar em ti. Senti-te, em tempos, de coração igualmente pequenino, naqueles emails que trocamos, quando os oito mil quilómetros se interpunham; quando sabias que as tuas palavras eram o que me podias dar e o que eu precisava para continuar a fazer parte. Nunca fomos brilhantes em demonstrações de afecto, mas somos muito boas na nossa amizade, não somos? E o meu presente de regresso foi saber do teu "Pequenino Milagre". E o meu presente de Natal foi vê-lo mexer na tua barriga, enquanto lanchávamos e falávamos da vida que percorremos separadamente, sempre juntas pela amizade que construímos. E, mesmo assim, porque tu cada vez mais me mostras que após tantos anos ainda não te conheço tudo e me surpreendes de uma maneira sempre tão enternecedora, de uma forma tão deliciosamente tua, obrigas-me às merecidas lágrimas que te devo, as quais me orgulho de chorar e repetir, se necessário, por esta amizade que carrego no peito. Dests-me o melhor motivo para jamais parar de escrever em 2010: lês-me com vontade, lês-me junto com a tua Bebé. Lês-me desde o dia que te contei, na pressa das novidades, que havia este espaço onde me arrisquei às palavras. E tu tiras-me todas com as tuas. E neste silêncio em que me deixas, restam-me o sal e a água enquanto leio o teu envelope amarelo no meu telefone.
No dia 9 de Fevereiro "estarei" lá à espera do primeiro choro. Depois, novamente, sentirei o meu; de alívio, de alegria, de orgulho por me deixares partilhar de mais esse momento da tua vida. E, por fim, aguardei ansiosa a minha vez de a pegar ao colo.
2 comentários:
Li. E chorei.
Reli. De novo as lágrimas. E a Baby a mexer, como que a entender o quanto gosto de ti.
Somos Amigas. De facto, nunca andamos a mostrar ao mundo que o éramos, mas nós sabemos :) Julgo que deixamos o tacto (no verdadeiro acesso da palavra, e não em sentido figurado) e muitas vezes até as palavras, para outro tipo de relações; não somos muito tácteis na amizade:)
Já estivemos muitos meses sem nos vermos, sem falarmos, mas, assim que nos encontramos, é como se tivessemos estado juntas no dia anterior. Porque há uma cumplicidade entre nós que finta a irreversibilidade do tempo, a distância e as contrariedades das nossas vidas.
Gostamos de ti. Sentimos muito orgulho em ter-te como nossa Amiga. O plural impõe-se, porque eu sei que ela, que ainda não nasceu, já te conhece. E sei que vai ficar fascinada a ouvir-te como eu ainda hoje fico. E sei que vai gostar muito de ti, como a Mamã.
Eu sei, que vamos ser Amigas para sempre.
Mais uma prova que, mesmo com distância, amigos ficam para sempre!
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