terça-feira, 19 de janeiro de 2010

#Preciosa Lu

Existem pessoas que, pela pertinência das suas afirmações, jamais podem ser esquecidas. Da minha parte poderão sempre contar com uma nota de entusiasmo, de merecido reconhecimento, pelo contributo peculiar que dão aos meus dias.
Há uns anos, poucos, lembro-me da "super-hiper-mega refixe" Floribela, cujo talento  – que ela sempre disfarçou muito bem, já que até hoje a única coisa que realmente me lembro é o sotaque do Porto, porque esse, ah! esse ela não disfarçava nem um bocadinho - fica imediatamente relegado, e sucumbe a outros "dotes". Porque isto, há meninas que vem ao mundo mais dotadas que outras. E há as que se fazem dotar entretanto.  E também as que abrem a boca e são, por si só, verdadeiros tesouros! 
A proficiência desta chegou-nos ao conhecimento através de um programa em que mesma oscilava entre a representação e os dons vocais - sim, oscilava, porque em qualquer dos dois o desempenho era periclitante - alguma coisa tipo Cinderela Rouxinol (aliás, esse momento televisivo era realmente uma amálgama de sensações, um folclore para os sentidos. Novela? Seriado? Espectáculo de variedades? Comédia e/ou drama? Dos 8 aos 80? Nunca consegui classificá-lo nem perceber o objectivo ...)
Na época o país queria saber quem era a espevitada do "Vestido Azul" e vogais abertas, e ela, a destravada de língua solta, muito segura e com aquela permanente demodé à la Cher, disse: "Eu sou a Luciana Abreu. Sou de Vila Nova de Gaia e tenho muitas saudades do 'Puorto'. Principalmente das pipocas do Arrábida, são tãoooo docinhas!!"
Pronto, a partir desse momento segui religiosamente todo o tipo de entrevistas da "Lu" (passei a ter-lhe afeição depois de uma resposta deste nível, e escolhi-lhe um epíteto carinhoso). Quer dizer, a catraia não teve saudades do Douro, dos barcos rabelos, dos Clérigos e da Foz, sequer do vinho do Porto ou do Estádio do Dragão, ela teve saudades das pipocas de um centro comercial! Isto foi uma coisa que me levou a depositar-lhe esperança e me fez acreditar que me proporcionaria outros momentos hilariantes em futuras entrevistas. Só por isso não mais a perdi de vista e mantive-me atenta às suas intervenções sem guião, nos meios de comunicação.
Entretanto, porque nem todos nascemos abençoados pelos mesmo dons da Lu - destinados a ser super-hiper-mega famosos, a brilhar e rebrilhar - nalgum imprudente momento de desatenção, perdi-lhe o rasto. No entanto, para minha surpresa, enquanto folheava uma revista, encontrei-a quase irreconhecível. Estava muito mais para "Luh" ou "Lluh", do que para a "Lu Pipoca Arrábida" que a minha memória guardava, e já não se aplicava o meu petit nóm afável; exigia-se qualquer coisa mais lânguida, mais lasciva, já que no lugar do "Vestido Azul", ela tinha-se despido para a FHM. No entanto, como até a Marge Simpson ganhou portentosos atributos físicos numa outra revista de deleite masculino, encarei a situação com normalidade e acreditei veementemente no meu instinto identificador de jóias verbais. Toda ela era uma mina e, eu sabia, dali sairiam mais quilates em bruto ao bom estilo "pipocas docinhas".
Sem falsas modéstias, adoro quando tenho razão!
Esta grande senhora, numa recente entrevista ao jornal 24 horas e porque já cantou “Vestido Azul”, participou no "Ídolos" e... teve um affair com o Michael Carreira – tem, portanto, um indubitável e consistente conhecimento acerca de música que a legitima - fez o seguinte comentário:
“Manuel Moura dos Santos revela falta de cultura musical.”
Consta ainda que, tempos antes de ter vestido e despido o retalho de tafetá*1 celeste, este luso diamante por lapidar também participou no "Cantigas da Rua". Assim sim! Agora até já conseguimos entender a ousadia do comentário, com um currículo destes, a Lu pode!
Eu sabia que as minhas expectativas não seriam defraudadas e que a espera seria pontualmente coroada com estes mimos da joalharia discursiva. Observações destas são "Cartier's" para os meus olhos!


*1-homens que leiam os meus posts e sejam homens à antiga, isto é, os que não se inserem na classificação metrossexuais, ou que estão ainda a dar os primeiros passos nessa longa peregrinação e, por isso, começam a valorizar mais o público feminino e as provações inerentes à duplicação do X: tafetá é um tipo de tecido, um pano de seda lustroso. 

1 comentário:

Bigger than I am disse...

Atenção, ela participou e ganhou o Festival da Canção em 2005!

Esta menina é uma pérola! Tem o seu cantinho reservado no Panteão Nacional!

Há que dar mérito a quem o tem ;)