quarta-feira, 12 de maio de 2010

#The Dream Boy Exists

          

segunda-feira, 26 de abril de 2010

#Alívio Rápido Da Dor

Gosto de ser uma cliente fiel mas, valha-me o Senhor de lá de cima, para que isso aconteça diz-me o bom senso que os estabelecimentos têm que saber fidelizar o cliente. Uma caneta hoje, um calendário amanhã, um pin depois, são tudo coisas que ajudam mas, o que realmente faz diferença é o atendimento, o trato, a malograda conduta.
Há uma farmácia que costumo frequentar - não que seja assídua das farmácias ou hipocondríaca - mas estes lugares hoje em dia tornaram-se um local de peregrinação frequente pela multiplicidade de oferta. Então, amiúde lá estou eu, na que me fica mais perto, com umas prateleiras muito bem organizadas, uma gama de cremes e champôs que dão vontade de padecer de todo o tipo de dermatites seborreicas e um expositor de escovas de dentes para molares que eu jamais imaginava possuir. No entanto, ao balcão está um senhor que, visto eu e o destino termos uma relação amor/ódio, acerta sempre a minha vez - e o qual, julgo eu, ter passado ao lado de uma brilhante carreira de tenor, porque tudo que lhe peço em voz baixa, ele tende a repetir vários décibeis acima do que pode ser considerado razoável. E, sempre num registo grave, com uma expressão muito compenetrada. Deste modo, não há viv'alma naquele estabelecimento e num raio de alguns quilómetros, talvez, que não saiba que eu apanhei sol a mais numa fila de trânsito e estou com o braço esquerdo pior que um bife mal passado; ou que a écharpe que trago glamorosamente enrolada em volta do pescoço, esconde, na verdade, uma terrível alergia ao gel de banho.

Então ponho-me a pensar: quão mais aliviada posso sair daquela farmácia?

Trago comigo a parafernália de cremes e invade-me uma estranha sensação de leveza. Não pelo alívio imediato que as bulas prometem mas, antes, porque durante alguns minutos, mesmo que contra minha vontade, não há nada a esconder. Não preciso representar-me perfeita, imaculadamente (des)alinhada como se exige da mulher de hoje, porque o senhor que está no balcão fez o favor de me retirar esse peso dos ombros e expôs-me como sou – com um escaldão monumental no braço que me roubou preciosos minutos na escolha da roupa que melhor o disfarçasse e uma écharpe sufocante, agora posta de lado, já que toda a fila atrás de mim teve conhecimento do pouco charme de um conjunto de pequeníssimas borbulhas em torno do pescoço, fruto de algum componente menos hipoalergénico do gel de banho promissoramente reafirmante. E, mesmo a cólera momentanea, aquela que senti aquando a “ópera das mazelas”, até essa foi libertadora e sinto-me (agora) muito mais tranquila. De repente, todos os padecimentos superficiais se tornaram secundários e a busca passou a ser por um antídoto para algo, até àquele momento, assintomático.
Então agradeço e faço um largo sorriso, enquanto o "funcinário-barítono" proclama firmemente: "até à próxima". 


Em breve, com toda a certeza!


Porque no mundo, quase todos sofremos do mesmo: o ritmo alucinante de uma sociedade de aparência e hetero existência perfeita, no qual as dores da alma nos remetem a um estado moribundo onde cada um faz  o que pode para não sucumbir. 
No meu caso, opto pela terapêutica convencional e dirijo-me rapidamente à farmácia.

sexta-feira, 5 de março de 2010

#MEC


Sempre sonhei ser um MEC de saias e, cada vez que leio uma crónica assim, deste arcaboiço, acho uma injustiça sem tamanho nunca me ter sido dada essa pen-blessing. Logo eu que era tão assídua às catequeses e aos grupos de jovens voluntariosos. E era das que lia mesmo o catecismo! E pintava, religiosamente - nos dias indicados! - os 40 quadradinhos correspondentes à Quaresma. Decorei até alguns versículos na esperança de que, repetidos, me garantissem uma linha de comunicação privilegiada com o andar superior e, portanto, uma atençãozinha extra na minha wishlist
Não houve promessa que não tivesse usado em jeito de moeda de troca, até deixar de dar para esse peditório e resignar-me a ovelhita esquecida no rebanho.

Mas, depois, lembro do meu Pai a dizer: "Marquei a crónica do Miguel Esteves Cardoso para ti. Nunca me esqueço do quanto gostas dele. Essa está muito boa. Lê." E, então, agradeço à Entidade Superior, porque, afinal, compensou-me largamente com este Pai.

terça-feira, 2 de março de 2010

#O Mundo Como Lugar Estranho

O espaço dos relacionamentos homem-mulher é uma arena de festa brava: olham-se, avaliam-se, provocam-se... para, finalmente, se engalfinharem. A não correr bem, cravam-se bandarilhas sem dó nem piedade.
Em final de lide, o/a desgraçado/a acaba por recompor-se - "ninguém morre de amor" - não se pode, é ilegal; senti-lo está em desuso, não há lugar para estas tradições, atentam contra os direitos emocionais e, mesmo que entre uma pega e outra se conte uma investida certeira, são cada vez menos os sortudos a sair da praça em braços, sob merecida ovação. No espectáculo do amor já não se atiram cravos nem rosas vermelhas, agora está muito mais para pegas sem grandes rodeios, assim, de caras.
Dois passinhos em frente, quatro para trás, de risco nada arriscado com tudo sempre bem calculado - e percebo agora o porquê de apenas homens forcados - não é virilidade nem masculidade, sequer coragem, é a arte de retroceder, está-lhes no Y.
Ainda assim, chega uma altura que estes senhores perdem a noção... e investem sem qualquer critério. Querem lenços a acenar das bancadas, querem plateia de pé e   coração ao rubro, para depois, qual toiro de raça, focalizarem impiedosos o alvo e dispararem desenfreados, directos
 à gloriosa estocada final. 

Sapataria. Entrei e dei bom dia. Estava vazia numa quinta feira pelas 11 da manhã. Lá dentro uma senhora de meia idade experimentava muitos pares enquanto uma funcionária segurava caixas. No corredor mais próximo um rapaz de aproximadamente 30 e mãos atrás das costas deu-me um caloroso bom dia. Retribuí. Deambulei pelas filas ordenadas enquanto o tal jovem me seguia e, sempre que eu me detinha na frente de alguma prateleira, ele atirava: "Gostas destas?"  
Na verdade não gosto que me tratem por tu nem que me persigam nas lojas, mas pensei que talvez trabalhasse ali há pouco tempo e estivesse, então, a ser demasiado solícito. Por isso, na maior boa vontade, forçava um meio sorriso e dizia: "Não é bem isso que quero, obrigada." A coisa continuou assim uns bons 10 minutos, até que ele sugeriu que subisse ao primeiro andar, onde havia maior variedade. Agradeci e subi e, como é óbvio, ele acompanhou-me. Chegada ao andar de cima, abeirou-se uma funcionária que me perguntou, delicadamente e sem me tratar por TU, se precisava de ajuda. Expliquei como pude o que (não) procurava, já que nem eu sabia muito bem o que queria, e a menina fez o que pôde para conseguir o que eu não sabia querer. Muito bem, no primeiro andar não havia nada que me fizesse palpitar o coração e, por isso, desci, novamente, com a "sombra-masculina-solícita" no meu encalço.
Desesperançada, já quase a abandonar a loja, espreitei de relance para a montra e o meu olhar deteve-se numas botas que não me desagradaram de todo. Havia nelas algum potencial. Observei-as os minutos necessários a nutrir-lhes afeição, para depois, gradualmente,  este sentimento se transformar em ternura, paixão e, em minutos, lhes sucumbir de amor. Pronto Senhor, vai ser útil, é chegada a sua hora!
"-Por favor, está a ver aquelas botas ali, ao lado das pretas, na segunda fila? Sim essas. Pois pois, também acho bonitas. Sim sim, é verdade, acabei por me decidir... Tem o tamanho X? Sim, pois, é verdade... demoro algum tempo a decidir-me... mas, não se importa, por favor, de verificar se tem? É que estou com um bocadinho de pressa... 
Como? Desculpe, não percebi... O quê? O Senhor não trabalha aqui??? Não estou a perceber... o Senhor não trabalha aqui?? Não entendo... Espere lá, aquela senhora ali a experimentar sapatos desde q eu entrei é sua mãe? O quê? Se quero trocar contactos??????? 
Quero sim! Preciso do seu nome completo, morada e número do BI, para correr até à polícia com as minhas botas novas calçadas e colocá-lo na lista de vigilância!

P.S.-o "episódio sapataria" é verídico. Já a resposta dada só surgiu na minha cabeça, algum tempo depois, tal como o meu péssimo sentido de oportunidade já me habituou. No momento apenas consegui balbuciar "não, vou só levar as botas, obrigada (!)" (em alturas de tensão as minhas sinapses envergonham-me...).

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

#Dicionários Grátis

"E que incentivo quer dar ao seu filho antes dele subir ao palco? O que lhe quer dizer acerca da voz para ele sentir segurança enquanto estiver a cantar?

"Ora bem, eu queria dizer-lhe para continuar assim, sempre muito muito muito... PERSPICAZ!!!"

Já eu, queria implorar a possibilidade de distribuição grátis de dicionários porta-a-porta, junto com as listas de páginas amarelas. Quem sabe aquando entrega da declaração do IRS?!

"Ora bem, deixe-me conferir... tudo certo; vai ter direito a um brinde. Aqui está o seu dicionário. E como não rasurou o impresso, leva a edição premium!
Ah, espere lá, desses só há um... e está prometido à minha vizinha que anda a decorar a sala... mas leva o normal que também faz muito boa figura em qualquer estante!"