domingo, 24 de janeiro de 2010

#Danger Bags!

Bolsas de mulheres são um mito. Perdão, minto, apenas o conteúdo. Nenhum homem gosta de se aproximar. Quando o fazem, lê-se-lhes uma expressão de medo.
Sempre que profiro a frase simples : “Por favor, passa-me a minha bolsa”, a linguagem corporal do escolhido transporta-me imediatamente para o cenário de um filme americano - ele, qual membro SWAT, objecto dúbio entre mãos em cuidadoso equilíbrio, move-se lentamente enquanto executa os procedimentos de forma meticulosa.
Interrogo-me muitas vezes porque carregamos tanta coisa lá dentro 
e, acabo por concluir que, para além das bugigangas femininas lugar-comum, as nossas malas carregam toneladas de pensamentos, de sentimentos, de afectos que vamos guardando ao longo do dia, porque ontem, hoje, amanhã - na actualidade - as mulheres tornaram-se muito mais contidas, mais ponderadas, apesar da verdadeira essência que subjaz ao sexo feminino. É assim que deve ser e assim que a sociedade impõe. Mulheres sem sentimentos à flor da pele, porque isso não combina com a vertigem dos saltos altos e dos íngremes blazers que fazem de nós executivas de sucesso nalgum escritório top floor. Já não fica bem sermos princesas ou termos pretensões à (in)alcançável torre do castelo. Melhor, fica sim, mas esperar que o príncipe escale de flor na boca? Compramos o castelo porque somos emancipadas, e se o príncipe quiser passar lá uma ou outra noite muito bem, mas tudo sem compromissos. E, entenda-se à partida, que o nobre candidato a pernoitar não espere pequeno almoço romântico, porque não queremos laços emocionais. Fazemos parte de uma geração andrógina, (desi)evolutivamente masculina física e sentimentalmente.
Por causa disso, aumentamos o tamanho das bolsas, para guardamos a nossa herança cromossómica, aquela que diariamente nos torna um par xx muito up to date mas que desvirtua a natureza feminina e a própria feminilidade, e para escondermos o compartimento dos incentivos a dar, 
porque os homens são Pavlovianos e precisamos incitar-lhes o reflexo condicionado. 
Sou mulher e, como já disse e repito, uma conservadora. Para mim o que está out fashion são malas oversized e, por isso, continuo a preferir emoções em tamanho XL.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

#Preciosa Lu

Existem pessoas que, pela pertinência das suas afirmações, jamais podem ser esquecidas. Da minha parte poderão sempre contar com uma nota de entusiasmo, de merecido reconhecimento, pelo contributo peculiar que dão aos meus dias.
Há uns anos, poucos, lembro-me da "super-hiper-mega refixe" Floribela, cujo talento  – que ela sempre disfarçou muito bem, já que até hoje a única coisa que realmente me lembro é o sotaque do Porto, porque esse, ah! esse ela não disfarçava nem um bocadinho - fica imediatamente relegado, e sucumbe a outros "dotes". Porque isto, há meninas que vem ao mundo mais dotadas que outras. E há as que se fazem dotar entretanto.  E também as que abrem a boca e são, por si só, verdadeiros tesouros! 
A proficiência desta chegou-nos ao conhecimento através de um programa em que mesma oscilava entre a representação e os dons vocais - sim, oscilava, porque em qualquer dos dois o desempenho era periclitante - alguma coisa tipo Cinderela Rouxinol (aliás, esse momento televisivo era realmente uma amálgama de sensações, um folclore para os sentidos. Novela? Seriado? Espectáculo de variedades? Comédia e/ou drama? Dos 8 aos 80? Nunca consegui classificá-lo nem perceber o objectivo ...)
Na época o país queria saber quem era a espevitada do "Vestido Azul" e vogais abertas, e ela, a destravada de língua solta, muito segura e com aquela permanente demodé à la Cher, disse: "Eu sou a Luciana Abreu. Sou de Vila Nova de Gaia e tenho muitas saudades do 'Puorto'. Principalmente das pipocas do Arrábida, são tãoooo docinhas!!"
Pronto, a partir desse momento segui religiosamente todo o tipo de entrevistas da "Lu" (passei a ter-lhe afeição depois de uma resposta deste nível, e escolhi-lhe um epíteto carinhoso). Quer dizer, a catraia não teve saudades do Douro, dos barcos rabelos, dos Clérigos e da Foz, sequer do vinho do Porto ou do Estádio do Dragão, ela teve saudades das pipocas de um centro comercial! Isto foi uma coisa que me levou a depositar-lhe esperança e me fez acreditar que me proporcionaria outros momentos hilariantes em futuras entrevistas. Só por isso não mais a perdi de vista e mantive-me atenta às suas intervenções sem guião, nos meios de comunicação.
Entretanto, porque nem todos nascemos abençoados pelos mesmo dons da Lu - destinados a ser super-hiper-mega famosos, a brilhar e rebrilhar - nalgum imprudente momento de desatenção, perdi-lhe o rasto. No entanto, para minha surpresa, enquanto folheava uma revista, encontrei-a quase irreconhecível. Estava muito mais para "Luh" ou "Lluh", do que para a "Lu Pipoca Arrábida" que a minha memória guardava, e já não se aplicava o meu petit nóm afável; exigia-se qualquer coisa mais lânguida, mais lasciva, já que no lugar do "Vestido Azul", ela tinha-se despido para a FHM. No entanto, como até a Marge Simpson ganhou portentosos atributos físicos numa outra revista de deleite masculino, encarei a situação com normalidade e acreditei veementemente no meu instinto identificador de jóias verbais. Toda ela era uma mina e, eu sabia, dali sairiam mais quilates em bruto ao bom estilo "pipocas docinhas".
Sem falsas modéstias, adoro quando tenho razão!
Esta grande senhora, numa recente entrevista ao jornal 24 horas e porque já cantou “Vestido Azul”, participou no "Ídolos" e... teve um affair com o Michael Carreira – tem, portanto, um indubitável e consistente conhecimento acerca de música que a legitima - fez o seguinte comentário:
“Manuel Moura dos Santos revela falta de cultura musical.”
Consta ainda que, tempos antes de ter vestido e despido o retalho de tafetá*1 celeste, este luso diamante por lapidar também participou no "Cantigas da Rua". Assim sim! Agora até já conseguimos entender a ousadia do comentário, com um currículo destes, a Lu pode!
Eu sabia que as minhas expectativas não seriam defraudadas e que a espera seria pontualmente coroada com estes mimos da joalharia discursiva. Observações destas são "Cartier's" para os meus olhos!


*1-homens que leiam os meus posts e sejam homens à antiga, isto é, os que não se inserem na classificação metrossexuais, ou que estão ainda a dar os primeiros passos nessa longa peregrinação e, por isso, começam a valorizar mais o público feminino e as provações inerentes à duplicação do X: tafetá é um tipo de tecido, um pano de seda lustroso. 

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

#Os Nossos 80's

Com o passar do tempo e da idade - porque a idade serve para acumular, para além das rugas, lembranças, que não são mais do que pregas cerebrais e, ambas, quando associadas, transformam-nos num livro de histórias 3D - sentimos necessidade de dispender alguns dos nossos minutos quotidianos a recordar. Eu chamo-lhe “tempo de qualidade”, porque me faço embuír das memórias mais saudáveis e saudosas da minha infância. Sou filha dos 80. E orgulhosa. Redio isto sem me cansar. Aliás, redigo-me. É verdade, este poderá ser outro precoce sinal do passar do tempo – a repetição. Surpreendo-me amiúde a fazê-lo. No entanto, como tenho alguma facilidade em arranjar-me desculpas, volto aos eighties, à minha década progenitora, e aproveito-me descaradamente dela: são ou não são os anos do excesso, do “mais é mais”? Então, o meu vício de repetição é fruto disso. É um erro de formação social, resultado do meio e do ambiente cultural em que cresci.

Há uns dias, explicava a um tardio descendente dos 90, o fenómeno "bola de espelhos". Sim, aquela esfera reflexiva, esse grande ícone da minha década . "Hmmm não sei.... bola de espelhos? Não sei." Num misto de indignação e revolta, arranquei uma folha do meu fiel caderninho de apontamentos - falta de memória, outra característica da idade... preciso dele... esqueço-me de tudo e... esqueçam as agendas electrónicas, sou filha dos 80! Bolas (!) - aqui não necessariamente as de espelhos, apenas em modo de interjeição. Apliquei então os meus dotes Andy Warhol - pop art, muito 80, claro! - e pronto, voilá, ali estava ela, a mítica. "Hmmm, não sei o que é... não estou a ver...". Calma, eu nunca tive muitos méritos de artes plásticas, podia aproximar-me do Andy através da música e chegar à famosa esfera que pendia do tecto de qualquer espaço nocturno digno do nome, por isso peguei no computador, pesquisei disco sound, e a rebentar de orgulho mostrei-lhe. Que “já tinha visto em algum lado”, mas, "se estás aí no youtube, aproveito para mostrar não-sei-o-quê-de-não-sei-quem do hip-hop"...

Quase me enfureci. Eu queria cobrir-me de excessos cromáticos, pintar-me de pop art,   fazer-me yuppie, jogar ao iô-iô e usar casacos de chumaços nos ombros. Eu queria dançar disco sound debaixo de uma bola de espelhos e partilhar a minha década., posso?


New Order - Blue Monday

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

#Classificações

Depois de "Quinta da Esperança" e após estagiarem vários copos e intermináveis palavras, uma outra medalha de ouro:

"Tudo que passa pela minha mão, upa upa!"

Obrigada pelo momento vintage! Frases destas são de casta superior!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

#1000


As faces do Cubo já rodaram 1000 vezes. A todos que contribuíram, que tentaram soluções e que leram as minhas, um beijinho grande e bem equacionado de carinho.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

#Tu Sabes...

Um dia, sentamo-nos numa mesa e deste-me um cartãozinho com a minha leitura, e, naquela tua última noite de menina solteira rimos muito. E relemos as frases que eu diria no altar. Voltei para casa com a sensação que nada mudaria, que te sentiria sempre perto, mesmo depois da tua nova vida de casada. 
Vi-te entrar na igreja sob flashes dos anos de amizade adolescente que partilhamos - a década dos segredos, dos momentos, das confissões, das (in)certezas e dos medos. E lembrei-me, ainda, da alegria de receber aquela mensagem: "acabei o curso!". Tu sabias que ela me faria sorrir como se fosse também um conquista minha. Assim como eu sei que cada envelope amarelo que piscar no teu telefone a contar alguma coisa da minha vida, vai ter, obrigatoriamente, algum tipo de impacto em ti. E sei também, sinto-l, que torces por mim. Saberei sempre do meu lugar em ti. Senti-te, em tempos, de coração igualmente pequenino, naqueles emails que trocamos, quando os oito mil quilómetros se interpunham; quando sabias que as tuas palavras eram o que me podias dar e o que eu precisava para continuar a fazer parte. Nunca fomos brilhantes em demonstrações de afecto, mas somos muito boas na nossa amizade, não somos? E o meu presente de regresso foi saber do teu "Pequenino Milagre". E o meu presente de Natal foi vê-lo mexer na tua barriga, enquanto lanchávamos e falávamos da vida que percorremos separadamente, sempre juntas pela amizade que construímos. E, mesmo assim, porque tu cada vez mais me mostras que após tantos anos ainda não te conheço tudo e me surpreendes de uma maneira sempre tão enternecedora, de uma forma tão deliciosamente tua,  obrigas-me às merecidas lágrimas que te devo, as quais me orgulho de chorar e repetir, se necessário, por esta amizade que carrego no peito. Dests-me o melhor motivo para jamais parar de escrever em 2010: lês-me com vontade, lês-me junto com a tua Bebé. Lês-me desde o dia que te contei, na pressa das novidades, que havia este espaço onde me arrisquei às palavras. E tu tiras-me todas com as tuas. E neste silêncio em que me deixas, restam-me o sal e a água enquanto leio o teu envelope amarelo no meu telefone.

No dia 9 de Fevereiro "estarei" lá à espera do primeiro choro. Depois, novamente, sentirei o meu; de alívio, de alegria, de orgulho por me deixares partilhar de mais esse momento da tua vida. E, por fim, aguardei ansiosa a minha vez de a pegar ao colo.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

#Profissões

- E o que é que ele quer ser quando crescer, já sabe?
"Ora bem, eu, que não é por ser meu filho, mas a verdade é que muito bom menino... ai isso é. Veja que se lhe dou uma lambada bem dada, ele nem fica zangado! E nem sequer amua! É capaz de chorar um bocadinho na hora, mas depois diz-me logo: "Oh mãezinha, se me deste foi para meu bem". E portanto, por conseguinte, ele pronto, tem bom coração, tem bom íntimo, compreende? No outro dia, lá por causa de uma amiga, assim para a defender de um rapaz, deitou-o ao chão e foi a puxá-lo pelas pernas escada abaixo. E o outro a bater com a cabeça no chão, que aquilo não foi brincadeira... era para o ter magoado a sério! Ele é assim, muito calmo, mas se vê injustiças, ai isso ele não se fica, vai e defende! E então, ou vai para servir o país ou para servir a Deus. Ainda não sabe... está muito indeciso entre ser GNR ou ser Padre."

Bem sei que os métodos das nossas forças policiais andam brandos, e que as penitências da Igreja Católica também já foram mais fervorosas mas, contar com a cabeça todos os degraus do Santuário de Fátima parece-me excesso de punição e sentido de justiça do pequeno servo indeciso. Mas, se para Sacerdote o chamamento pode acontecer a qualquer altura da vida, já para GNR o processo que garante o proeminente abdómen e portentoso bigode é coisa a ser iniciada no berço. Temos Padre! 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

#Promessas 2010


-prometi não prometer nada

-prometi descumprir o prometido em 2009

-prometi acreditar que este ano vou cumprir-me